Por Wesley Miranda
Não gosto dessas comparações de quem foi melhor; Pelé ou Messi?
Mas confesso que me apego aos números e as estatísticas para ver as marcas atingidas, não só desses, como de outros grandes jogadores da história do futebol.
Ao marcar os dois gols na vitória frente ao Sevilla, Messi chegou ao seu 82º gol em 2012 e está a três gols de igualar a marca de Gerd Müller no recorde de gols em um ano. Quando Messi marcou o 76º gol, superou Pelé no mágico ano de 1958 com seus 75 gols. Mas, e os mais de 100 gols em 1959 não contam?
Com o sucesso na Copa da Suécia, o mundo queria ver o Rei, o menino que recém completara 18 anos e estava no começo de sua carreira.
Já nos primeiros dias de 1959, o Santos começa a excursão pela América do Sul e Central. Em 14 jogos, Pelé marcou 15 gols. Apenas três dias depois de jogar na Venezuela, Pelé entrava em campo pelo Selecionado Paulista. Só depois de dois jogos, o menino ganhou duas semanas de descanso. A segunda maratona seria mais longa e estafante. Era apenas Março quando Pelé fez seis jogos pela seleção e marcou oito gols. Em Abril, começava o Rio-SP, Pelé foi campeão marcando gol na final, foram seis em sete jogos.
Agora, era a hora de mostrar para o velho mundo o time do Rei e os selecionáveis Zito e Pepe em uma excursão intensa e inimaginável para os dias atuais, 22 jogos em 45 dias. Pelé, principal atração do time jogou os 22 jogos, afinal, ele tinha que jogar de qualquer jeito. Nesses jogos, Pelé marcou 28 gols, alguns contra os melhores times do mundo, seis na Internazionale de Milão, dois contra o Barcelona no Camp Nou, um contra o Real de Di Stefano e Puskas e um contra o Botafogo de Nílton Santos, Garrincha, Didi, Zagallo…na conquista do Tereza Hererra.
Na volta para o Brasil, mais dois amistosos pelo Nordeste e só depois o concorrido Campeonato Paulista, além de jogos pela I Taça Brasil, Seleção Brasileira, Paulista, e até pelo exercito, sim ele marcou 14 gols no período em que serviu, inclusive três contra o Santos FC em amistoso.
Ao fim do ano de 1959 Pelé chegou aos 112 gols, excluindo os 14 feitos no período militar.
E foi assim, com uma média de 86 jogos por ano que Pelé só foi parar mesmo em 1962 na Copa com a Seleção. No Santos o Rei já vinha sendo poupado, até ficando de fora de jogos importante da Libertadores.
A realidade era outra, sem os milhões pagos por tv, patrocínio e sócios, o Santos tinha que se desdobrar para ganhar títulos e fazer dinheiro para manter seus craques excepcionais, para isso chegava ao absurdo de três jogos por semana em média. Mas, os gols de Pelé mundo afora não poderia ficar de fora de nenhuma contagem.
Olhar para o passado com os olhos do presente. Se até comparar as estatísticas as coisas se complicam, imaginem comparar jogadores em tempos tão distintos.
Mas, se Pelé jogasse hoje….
Muitos alegam a condição física do futebol atual, mas esquecem que Pelé além de grande futebolista, foi um grande atleta, tanto que seus números chamavam atenção de outras modalidades; pulava 1,8 metros de altura, 6,5 de distância e corria 100 metros em 11 segundos, nessa última vale dizer que Bolt detém o recorde de 8,95.
Agora imagina os gols de Pelé em seis, sete ângulos diferentes, correndo o mundo. E se ainda ele jogasse na Europa onde tudo que é feito é endeusado. Vão falar que ele encontraria zagueiros melhores e grandes times, como se não tivesse lá Málaga, Rayo Vallecano, Español, Granada, Getafe, Mallorca, Zaragoza, Levante, Osasuna…..
Ai vão falar que o Pelé não jogava como hoje. Eu digo: felizmente.
Mas se querem tanto comparar….
E se existisse uma máquina do tempo que pudesse realizar o encontro? Mas ao invés de Pelé nos dias atuais, algum cientista maluco mandasse Messi para mudar a história do futebol mundial e fazer da Argentina a maior potência, e o Barcelona, bater o Real Madrid Franquista.
La pulga, encontraria um gramado bem diferente dos atuais, uma época em que os árbitros não usavam cartões (só em 1970). Certamente a média de 2,4 faltas sofridas por jogo aumentaria significativamente. E se precisasse usar a medicina da época? Mas, e a excursão que tem Messi como maior estrela? Sem ele o clube recebe apenas 30% do combinado, dia sim e dia não ele tem que entrar em campo. Se precisar, vai jogar mesmo que seja com infiltração, mais pra frente ele resolve isso.
E o material esportivo? Chuteiras pesadas, bolas pesadas, camisas pesadas… dia desses os jogadores da Seleção Brasileira não quiseram usar a réplica da camisa de 1958 por ser pesada….
Por essas e outras não podemos nunca comparar, afinal, o que o Messi faz até minha filha de cinco anos vê na tv o tempo todo, o que o Pelé fez, requer muito mais que sentar e assistir!!