Já na década de 70, os Estados Unidos era o país mais rico e mais poderoso do mundo, mas o futebol ali ainda engatinhava, foi aí que surgiu o interesse do New York Cosmos em contratar o Rei Pelé, que já havia pendurado as chuteiras, para jogar e promover o futebol.
Pelé conta que a decisão de partir para os Estados Unidos, em si, foi apenas o começo do processo, vários meses foram necessários para se chegar a um acordo com o Cosmos. Pelo menos meio ano de telegramas, telefonemas, reuniões e troca de mensagens entre advogados, consultores e autoridades fiscais de todo tipo. Houve proposta e contrapropostas, com a negociação avançando aos pouquinhos, tudo sob a mais estrita confidencialidade. O Cosmos pertencia à Warner Communications, que esticou a corda ao máximo, chegando até mesmo a acionar o Secretário de Estado, Henry Kissinger, para que este fizesse um convite formal para que o Rei do Futebol fosse jogar no seu país e ajudá-lo a desenvolver o futebol, gesto que poderia ajudar a azeitar um pouco a máquina da burocracia no Brasil.
Pelé sabia que Kissinger estava fazendo tudo o que podia nos bastidores para viabilizar sua mudança. Era um aliado útil. Quem ajudou também foi João Havelange, que fez várias reuniões com Steve Ross, o então principal executivo da Warner. Ao final, com todas as arestas aparadas, o contrato foi concluído.
Pelé jogaria no Cosmos por dois anos, como contratado da Warner, com um acerto de licenciamento paralelo. Pelé ganharia pela transferência um bom dinheiro, mas ainda assim tinha dúvidas sobre a mudança:
“Será que eles realmente esperam que eu jogue como antes? Eu me aproxima dos 35 anos, eles deviam saber que eu já tinha passado do meu auge como jogador. Acabei me convencendo de que o que eles queriam de mim era que promovesse o futebol nos Estados Unidos para o resto do mundo, razão pela qual o que eles estavam contratando, mais que minhas habilidades futebolísticas, era o meu nome.”
O anúncio, pelo Cosmos , de seu novo contratado ficou agendado para 11 de junho de 1975, o local escolhido foi o célebre e glamoroso 21 Club. Parecia que metade da mídia do mundo inteiro estava presente na entrevista coletiva. Era um sinal de quanto a transferência de Pelé tinha despertado interesse e curiosidade.
A estréia de Pelé no Cosmos aconteceu uma semana depois da apresentação contra o Torontos Metros, em Randal´s Island e com vitória por 2 x 0. Na ocasião o público que normalmente era de cerca de 8 mil pessoas acabou sendo de 22,5 mil. Durante toda a passagem do Rei Pelé pelo Cosmos a média de público foi de 20.000 espectadores, um forte sinal de que a chegada do Rei despertara o interesse pelo jogo. Cosmos e Warner acertaram no investimento.
Ao final da temporada de 1976, Pelé voltou ao 21 Club para uma cerimônia onde recebeu uma chuteira de ouro em comemoração ao 1250º gol como profissional.
No início de 1977, Pelé não tinha clareza se aquela seria a última temporada como jogador, mas simplesmente queria fazer o melhor possível pelo clube. Estimulado pelas importantes mudanças que estavam ocorrendo, todas elas, no sentido de firmar o Cosmos como uma força de grande prestígio no futebol dos Estados Unidos, o Rei decidiu prorrogar seu contrato.
E aquela acabou sendo uma temporada maravilhosa, porém ao fim da mesma Pelé havia feito até então, durante sua passagem nos EUA, 111 jogos pelo Cosmos e 65 gols.
Seu último jogo, foi um turbilhão de emoções, pois foi contra seu (nosso) amado Santos Futebol Clube. Pelé acabou jogando um tempo em cada time. Isto ocorreu no dia 1º de Outubro de 1977, pouco antes do Rei completar 37 anos de idade. Cerca de 75.000 pessoas compareceram ao Giants Stadium para presenciar a despedida do Rei do Futebol. Milhões de pessoas também acompanharam o evento pela televisão.
Quis o destino por ironia que o último gol de Pelé fosse contra o Santos. O Cosmos acabou vencendo o jogo por 2 x 1.
O fim tinha chegado, a emoção foi intensa e as lágrimas rolaram pelo rosto do Rei enquanto recebia saudação da multidão.
Pelé ainda fez um discurso no gramado, concluindo com as palavras “love, love, love!” e depois foi carregado pelos companheiros numa triunfante volta pelo campo.
Fonte de referência: Pelé – Minha Vida em Imagens, COSACNAIFY, 2006.
Saiba como será o novo estádio do New York Cosmos
Entre 1971 e 1985, tempo em que existiu originalmente, o Cosmos ganhou a liga outdoor (em estádios abertos) sete vezes. Após isto o Cosmos ficou um bom tempo com atividades encerradas e retornou recentemente.
Agora depois de exibir as primeiras imagens em seu site oficial, os executivos do New York Cosmos deram ao mundo uma animação do que promete ser um dos estádios de futebol mais modernos do planeta. Este provavelmente será o primeiro passo para o time migrar da NASL para a MLS, esta a principal liga de futebol dos EUA.
Num estádio destes acho que até o Rei Pelé teria vontade de bater uma bolinha novamente, rsrs!