Almir Moraes Albuquerque, o Pernambuquinho, nasceu em Recife-PE no dia 28 de outubro de 1937, se estivesse vivo estaria celebrando 75 anos.
Era tido como corajoso e destemido por muitos e irresponsável por outros. Almir marcou a sua carreira pela polêmica. Foi denominado como um bad-boy do futebol tal como fora antes Heleno de Freitas e posteriormente Edmundo.
Começou a carreira no Sport Recife em 56, depois jogou no Vasco da Gama entre 57 e 59, no Corinthians em 60 e 61 (quando foi chamado de “Pelé Branco”), no Boca Juniors em 61 e 62, no Genoa da Itália em 62, no Santos Futebol Clube em 63 e 64, no Flamengo de 65 a 67 e terminou sua carreira no América do Rio em 68.
Os principais títulos de Almir foram:
– Super-Super Campeão Carioca pelo Vasco em 58;
– Taça Rio-São Paulo pelo Vasco em 58.
– Taça Brasil de 63 e 64, Paulista de 64, Libertadores da América e Mundial Interclubes de 63, todos estes títulos pelo glorioso Santos Futebol Clube.
Sua atuação na final do Rio-São Paulo de 58 o levou à seleção brasileira. Entretanto, Almir ficou marcado ao preferir excursionar com o Vasco, ao invés de jogar a Copa do Mundo da Suécia.
A decisão do Mundial de Clubes de 63, entre Santos e Milan, parou o Brasil e a Itália. Foram três jogos: Milan 4×2 Santos, em Milão; Santos 4×2 Milan (de virada) no Maracanã e Santos 1×0 Milan no terceiro jogo também no Maracanã.
Em Milão, Almir não jogou, mas substituiu o contundido Pelé nos dois jogos finais e foi fundamental fazendo um gol no segundo jogo e sofrendo o pênalti na grande final que Dalmo converteu e acabou sendo o gol do título.
O Milan tinha um grande e respeitável time: Guezzi; David e Trebbi; Maldini, Pelagalli e Trapatoni; Mora, Lodetti, Altafini (o nosso Mazzola), Gianni Rivera (um dos maiores craques do futebol italiano) e Amarildo (o Possesso). Jogaram também: Barluzzi, Balzarini, Benitez (o peruano), Dino Sani e Fortunato.
O Santos, BICAMPEÃO do MUNDO, teve: Gilmar; Lima, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Mengalvio; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. Nos dois últimos jogos entraram: Ismael, Haroldo e Almir nos lugares dos contundidos Zito, Calvet e Pelé.
No prefácio do livro Eu e o Futebol (no qual o próprio Almir retratou suas memórias), o jornalista João Saldanha escreveu: “…ele ajudou o Santos a ser campeão do mundo, contra o Milan. O Santos estava sem o Pelé e todo mundo viu que foi Almir quem decidiu o jogo.”
No livro, o próprio Almir mencionou:
“Paralisei o time do Milan aqui no Maracanã, em 1963, nos dois jogos em que o Santos se sagrou bicampeão mundial de clubes.”
“Eu peguei a camisa 10 mais famosa do mundo e fiz uma promessa a mim mesmo: – Vou jogar por mim e pelo Negão.”
Ainda no livro, Almir fez questão de expressar todo sua admiração pelo Rei Pelé:
“…como Pelé não existe, nem vai existir nunca; o “Negão” sempre foi e ainda é demais.”
“…joguei ao lado dele. Só isso já me emociona. Eu tenho Pelé num altar, quero tanto bem a ele quanto à minha mãe, que eu adoro. O Pelé não existe mesmo.”
“Pelé pra mim é intocável, é um santo, um deus. Eu brigo com quem falar mal dele.”
“O cara que fala mal do Pelé tem que receber o troco na hora.”
“Com o Negão jogando, não perco uma. Ele pode nem pegar na bola, mas para mim é sempre o melhor jogador no campo.”
Outro fato marcante na vida de Almir foi na célebre decisão do Campeonato Carioca de 66. Estava 3 a 0 para o Bangu contra o Flamengo, quando o Pernambuquinho decidiu “impedir” a volta olímpica do time de Moça Bonita. Antes do final da partida, ele começou uma briga histórica. Fato também retratado em seu livro de memórias.
Mas Almir Albuquerque, o Pernambuquinho, não pode escrever o capítulo mais dramático de suas memórias. A publicação de sua autobiografia (Eu e o Futebol) estava no sexto capítulo, na revista Placar, quando ele foi assassinado, às 2:30 da madrugada de 6 de fevereiro de 1973, no Bar Rio-Jerez, em Copacabana.
Um tiro encerrou a existência do mais valente jogador do futebol brasileiro em todos os tempos, cinco anos após ele ter deixado os estádios.
Valeu Pernambuquinho, obrigado por ter honrado o manto sagrado da Vila e por ter sido fã do maior jogador de futebol de todos os tempos!